MANIFESTO DO SERTÃO - O LIXO DO LUXO








CONSUMIR COM EDUCAÇÃO, 
PARA NÃO ACABAR NO LIXÃO!



ComadreNininha percebeu logo que havia uma guerra de interesses. As pessoas liam, pesquisavam e queriam caminhar com sensibilidade. Mas, quando iam comprar, eram trapaceadas, pois o capitalismo não escuta, não entende e não se interessa pelas ações boas e sensatas, nem pelo futuro sadio das crianças.
Na verdade, percebeu-se muito cedo que o capitalismo estava e está sempre se lixando pelo equilíbrio da Vida, pela saúde da Natureza e pela satisfação das pessoas. Era hora de começar uma revolução de ideias, de hábitos e de atitudes.
Foi então que a Velha convidou as pessoas para uma prosa e disse que deveriam reagir. Deveriam tomar partido. Primeiro deveriam mudar seus próprios hábitos.
A Velha convocou as pessoas e lançou desafios, provocou, cutucou a nação com algumas questões simples e fundamentais.
Preciso mesmo viver com tanta coisa? Preciso mesmo comprar tanta coisa? ...

         Nos últimos doze, quinze anos venho trabalhando com sustentabilidade, no Projeto Leitura e Educação Ambiental, pelo qual partilho com estudantes, crianças, jovens, professoras, professores, equipes pedagógicas e pessoas que, percebendo a aproximação de uma encrenca enorme e vergonhosa, começam a buscar ferramentas para novas maneiras de se relacionar com nossa Mãe Natureza.
         O que está acontecendo atualmente, ainda que iniciado há séculos, quando as nações ditas civilizadas começaram a invadir os lares de povos por estas nações desrespeitados e agredidos, é uma situação assustadora. É enorme pois se trata de uma questão de continuação da vida, de resposta da Natureza às nossas ações.
         Como todas e todos sabem, nada sabemos sobre as forças da Natureza, principalmente quando responde a ataques covardes, insanos a ela direcionados. Portando, nem a pessoa mais cética, mais otimista poderia, sensatamente ignorar os sinais que nos são evidenciados por ações, mudanças, catástrofes ditas naturais que os últimos anos nos apresentaram.
         É uma encrenca vergonhosa porque não se pode, mesmo com a hipocrisia de sempre do sistema capetalista, afirmar que são eventos naturais. Como são respostas muito claras às ações predatórias de nossa caminhada humana aqui neste Planeta, se trata mesmo de uma encrenca vergonhosa e até mesmo covarde, pois agredimos, ferimos, poluímos, danificamos uma Casa tão acolhedora, tão abundante, tão bela, tão agradável, sem sequer pensar se há algum motivo para esta agressão.
         Sempre que estou falando sobre este tema e as crianças, as mais prejudicadas, mais sensíveis e, talvez por isto mais participativas, mais interessadas no tema, percebem o perigo ameaçando seu futuro, me pergunto como me sinto, sempre começo minha resposta afirmando que me sinto envergonhado por ser parte de uma sociedade que taca fogo em sua própria casa, depois de trancar portas e janelas e jogar as chaves bem longe, e fica lá dentro, sendo consumido pela destruição de sua própria insensatez, sua própria ganância., seu próprio egoísmo.

         Nos últimos anos percebi que meu trabalho poderia ter um impacto maior se eu seguisse tendo a Leitura como ferramenta principal e procurasse fechar o mais que eu pudesse as portas por onde se escapam as principais raízes desta devastação.
         Foi então que, após muita caminhada, buscas, descobertas, árduos anos de Leituras, escrevi e publiquei o livro O Lixo do Luxo.
         O Lixo do Luxo é uma ferramenta importantíssima neste meu projeto de Leitura e Educação Ambiental, somado a dois outros livros: Sapaiada Sem Brejo e Bicharada Sem Mato, que ampliam este trabalho que eu posso lhe traduzir com a seguinte descrição:
         O Projeto Leitura e Educação Ambiental, ou Leitura e Sustentabilidade, como preferido por muitas escolas, tem a Leitura como ferramenta base e propõe a Redução da Produção de Lixo, pela Redução do Desperdício e Ampliação da Consciência.
         Lhe diz alguma coisa? Então, junte-se a nós, mais de oito milhões de pessoas, em todo o mundo, que sequer nos conhecemos, mais sabemos que somos vizinhos, dividimos este Planeta maravilhoso com trilhões e trilhões de outros vivos e agimos para que nossa Casa seja respeitada e nossa caminhada não seja uma afronta à caminhada de tantas outras vidas.
         Como todas e todos estão percebendo, há uma busca já bem significativa de ações para amenizar esta degradação. Sabemos que amenizar não basta. Percebendo que se rasga quantias incalculáveis de dinheiro e atira este no lixo, com projetos que lutam, hipócrita e desesperadamente para descobrir o que fazer com o Lixo das cidades que a cada dia crescem mais e, numa desordem assustadora intensificam a produção de resíduos destrutíveis, me lembrei de partilhar com você esta minha ideia, este meu Projeto e este trecho do livro O Lixo do Luxo, pois sei que já não há mais espaço para tanto lixo, não adianta e não devemos mais construir Aterros Sanitários, pois é apenas uma armadilha maior, de onde o lixo nos é devolvido por urubus, enchentes, ventos, animais domésticos, roedores e milhões de pessoas que vivem desta prática de catar coisas reaproveitáveis nos Lixões das cidades grandes, vaidosas e burguesas.
         Não sou contrário à Reciclagem. Mas, por Leituras e mais Leituras, percebo que a melhor atitude é reduzir a produção de lixo e repensar nossos hábitos e nossas ações sobre o que compramos, vendemos, consumimos e destruímos.
         A maioria esmagadora do lixo que ameaça nossa saúde, nossa segurança e nosso planeta vem do desperdício, do exagero, da ostentação, do LUXO!

Tomo a liberdade para lhe provocar mais uma vez. Pense nestas perguntas de ComadreNinha. Veja se elas lhe dizem alguma coisa. Fale sobre elas com as pessoas a quem você estima.

Preciso mesmo viver com tanta coisa?

Preciso mesmo comprar tanta coisa?

De quantas sacolas, malas, capangas ou caixas eu preciso para carregar minhas coisas?

De quantos pares de sapatos, de tênis, de sandálias, de botinas, de meias eu preciso?

De quantos metros quadrados preciso em minha casa, para viver confortavelmente?

Precisamos mesmo de tantos carros nesta família pequena?

De quantos brinquedos eu preciso para brincar e viver com alegria?

Será que preciso comprar e comer tanta besteira, tanta carne, sacrificando tantos animais e destruindo a vida na Terra?

Preciso mesmo gastar tudo que ganho e ainda me enforcar em dívidas?


Com minhas saudações,

Pedro Lusz

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