sábado, 7 de abril de 2012

UMA ESTÓRIA SOBRE AS EMAS



RAIMUNDA E OS MISTÉRIOS DA EMA


Por Pedro Lusz

Raimunda é uma moça que sabe e gosta de contar estórias. Ela está em muitos livros. Ela tem um mistério. Raimunda é amiga e afilhada da Ema. ... Está bem! Contaremos esta estória pra todos vocês.
Aconteceu lá no sertão.
As emas são pessoas muito inteligentes. São muito amáveis. São boas amigas e gostam muito de quem não briga com elas e de quem cuida do mato.
As emas gostam de passear. Enquanto passeiam, cantam. Cantam bem baixinho, pois trazem um segredo em suas vozes. Então, elas vão passeando e procurando os ninhos dos passarinhos, das aves e de todos os bichos que moram no chão, no conforto do capim.
As emas acham os ninhos, as casas dos bichos, a morada dos bichos, dos filhos da Natureza, e cuidam deles. Elas marcam bem o lugar, e nunca mais deixam de cuidar daquele ninho.
Depois, quando tacam fogo no mato, as emas usam água, usam os bicos, as unhas e fazem um aceiro, protegendo os ninhos e evitando uma tragédia. Por isso, os bichos respeitam e amam a ema. ...  Não meu menino e não também minha menina, Raimunda não é um bicho não.
Foi uma vez, num dia distante, que isto aconteceu. Esqueceram Raimunda dentro de um rancho. Raimunda era pequena e o rancho estava no meio do pasto.
Alguém botou fogo, querendo queimar e destruir tudo. As emas conheciam Raimunda e gostavam muito dela.
Quando viram o fogo, deu-se o maior mutirão já visto lá no meu sertão. As emas gritavam, corriam. Umas avisavam, outras vinham pelo cheiro do perigo e logo eram muitas, parece que vieram todas.
As emas iam ao córrego, entravam na água e corriam com as asas fechadas, depois sacudiam o corpo ao redor do rancho, molhando o capim. Outras usavam as unhas, bicadas rápidas e fizeram um grande aceiro. O fogo veio com a gota e devorou tudo, menos o rancho.
Raimunda ficou lá dentro e nem viu o fogo, pois dormia, enquanto duas emas jovens a abanavam com suas asas, espantando o calor e a fumaça.
As emas foram embora, alegres, cantando a alegria da vida que continuará com Raimunda. Conhecem alguma cantiga, uma cantoria sobre os mistérios da ema? Vamos cantar, pra espantar o sono e pra chamar a alegria! 

sábado, 3 de março de 2012

O CERRADO E A SERRA DO CERRADO




Seguindo nossa prosa sobre as magias do cerrado quero partilhar com você um retrato de um pedaço deste chão lindo, mágico, de gente forte e encantadora que encontramos no cerrado brasileiro.
Este momento, estas imagens me foram reveladas, me foram mostradas e permitidas pelas muitas caminhadas com as quais proseei com os símbolos deste cerradão maravilhoso. É um texto, um destrava língua, uma estória, um poema, dependerá de sua respiração e sua emoção ao ler e apreciar estas palavras.
O texto é parte de meu livro Catata do Cerrado.


SERRA
Divertimento 11
Por Pedro Lusz


Nesta Serra tem cerrado
Tem três pedras redondinhas
Pedra, pedrona e pedrinha
Pedrinha, pedra e pedrona.
Passa, passa meninada, neste rancho não tem lona!
Passa o vento e passa boi
Passa chuva e corre jegue
Ontem era uma Serra sozinha.
Hoje virou Serra grande
Uma Serra com cerrado, pé-de-pau, muitas flores
E uma cascata bem branquinha!

Nesta serra tem de tudo
Tem bicho. Tem bicho que não é gente
Bicho que respeita o chão.
Tem também gente. Gente que é
Estranha. Gente que não respeita o mato
Gente que vira bicho papão.

Nesta serra tem barulho
Tem cantiga e cantoria
Pois tem pássaros que passam
Pássaros que param para uma prosa
E passam o tempo brincando e cantando.

Tem cantiga, tem alegria
Pois com tantas coisas bonitas
Com tantos encantos, as pessoas
Que passam por esta serra
Pessoas que respeitam a terra
Passam por aqui, param para
Um prosa e passam seus melhores
Momentos cantando, sorrindo, sentindo
E amando.

Quer conhecer nossa serra e com
Ela se encantar?
Pois ela fica no coração central do Brasil
Nos cerrados do Centro-Oeste, na magia de Goiás
Venha nos visitar!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

a voz do cerrado pede licença



Boa noite. Bom dia. Boa tarde! 
Minha vovo me ensinou que a oportunidade não nos vem de graça, nós a conquistamos, a provocamos com cada desejo, com cada passo, com cada ato de coragem e ousadia que deixamos em nossas estradas. Estou feliz por ter conquistado a oportunidade de partilhar com você um pouco de minhas buscas e descobertas, um pouco de minhas ideias, ideias nas quais acredito muito.
Outra coisa importante sobre a oportunidade, que aprendi com minha vovo e com os tranco e barrancos da vida é que devemos aproveitá-la com todas as nossas forças e decisões. Então, me manterei atento e aproveitarei o privilégio de prosearmos por estas linhas que aqui deixarei.
Para começar nossa conversa, para quebrar o gelo da timidez, começaremos com umas palavras sobre o Cerrado, mundo mágico onde nasci, onde descobri minhas primeiras e revolucionárias lições e onde vivo a magia de tantas riquezas.
Este texto é parte de minha obra Cantata do Cerrado, que lhe apresentarei em breve.
 
CANTO DA TERRA
Por Pedro Lusz 


Seu moço preste atenção 
Nas palavras que vou dizer
Vou falar do meu Sertão
Do meu jeito de ser.
Minhas estórias e
Minhas cantigas, são como
As coisas da roça, são como
O milagre da vida. Como
A força da chuva
Que faz o verde crescer.
Escute e cante comigo, pois a pessoa
Que vive cantando, nunca deixa
De viver.

Pra falar coisa bonita
É preciso ser da vida
Ter alegria, conhecer o
Mundo e ter arte no coração
É preciso falar da terra
Falar do povo, dos bichos
Da natureza, dos livros
Dos amigos e da paixão.

Um dia fui passear, quis a
Estrada conhecer. Depois de
Tantas distâncias, de
Muitas léguas caminhar
Encontrei uma moça bonita
Que veio correndo me abraçar.
Ficamos ali, conversando, deixando
A amizade brotar. Até que a linda
Moça me deu um abraço cheiroso
E foi-se pelos rumos das aventuras
Com muitas cantigas. Muitas estórias
Dançando nas ondas da beleza do Cerrado
Pra todo mundo poder sorrir, Viver e cantar!